quarta-feira, 6 de julho de 2016

“Espero alegre a minha partida, e espero não retornar nunca mais.” Frida Kahlo

“Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?”

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, conhecida como Frida Kahlo, nasceu em 6 de julho de 1907, em Coyoacan, no México.
Frida foi uma revolucionária, e, ao contrário da elite de sua época, gostava de tudo o que era verdadeiramente mexicano, joias e roupas das índias, objetos de devoção a santos populares, mercados de rua e comidas cheias de pimenta. Fiel ao seu país, a pintora gostava de declarar-se filha da Revolução Mexicana ao dizer que havia nascido em 1910.
Militante comunista e agitadora cultural, Frida usou tintas fortes para estampar em suas telas, na maioria autorretratos, uma vida tumultuada por dores físicas e dramas emocionais. Aos seis anos contraiu poliomielite (paralisia infantil) e permaneceu um longo tempo de cama. Recuperou-se, mas sua perna direita ficou afetada. Teve de conviver com um pé atrofiado e uma perna mais fina que a outra.
O acidente que muda a vida de Frida
Em 1925, aos 18, sua vida mudou de forma trágica, o ônibus (novidade da época) em que Frida e o seu noivo Alejandro Gómez Arias estavam chocou-se com um trem. A pancada foi no meio do ônibus, onde estava sentado o jovem casal. Frida receberia todo o baque do acidente, foi varada por um ferro que lhe atravessou o abdome, a coluna vertebral e a pélvis. Ela sofreu múltiplas fraturas, fez várias cirurgias (35 ao todo) e ficou muito tempo presa em uma cama.
O diagnóstico do acidente: 'fraturas nas terceiras e quarta vértebras lombares, três fraturas na bacia, onze fraturas no pé direito (o atrofiado), luxação do cotovelo esquerdo, ferimento profundo no abdome (provocado por uma barra de ferro que entrou pelo quadril esquerdo e saiu pela vagina rasgando o lábio esquerdo), pentonite aguda e ascite, precisando de sonda durante vários dias'. Frida era o retrato da má sorte e se achava assim: “E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo”.
Foi nessa dolorosa convalescença, que Frida começou a pintar freneticamente, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama, Frida sempre pintou a si mesma, “Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
O casamento com Diego Rivera
Suas angustias, suas vivências, seus medos e principalmente seu amor pelo marido, o pintor mexicano Diego Rivera, com o qual se casa em 1929.
Rivera, socialista, foi o pintor mexicano mais importante do século 20 e fez parte do movimento muralista, que defendia a arte acessível.
Quando se casou com Frida, a família dela comparou a união ao casamento de um elefante com uma pomba, ele era imenso e 21 anos mais velho, mas os dois formaram o casal de artistas mais original da época. Frida amargou muitas amantes do marido, seu grande amor e reconhecido mulherengo. Mas também viveu romances paralelos com mulheres e homens, o mais famoso com o revolucionário russo León Trotski.
Apesar das traições do marido, a maior dor de Frida foi a impossibilidade de ter filhos (embora tenha engravidado mais de uma vez, as sequelas do acidente a impossibilitaram de levar uma gestação até o final), o que ficou claro em muitos dos seus quadros.
No entanto, apesar dos numerosos affairs com outras mulheres, Diego ajudou Frida a revelar-se como artista, em 1930, viaja com a esposa para os EUA, onde tinha trabalhos e exposições, Frida, mais mexicana do que nunca, chocava a todos com suas roupas, risos e gestos, descobria-se uma forte e desejada mulher.
Em Detroit, Frida sofre um aborto, fato que mais de uma vez leva embora o seu sonho de ser mãe. Nesse período, começou a produzir telas, tudo à respeito de sua perda, do quarto do hospital e de seus sentimentos.
De volta ao México, teve de superar ainda a morte da mãe Matilde (vítima de câncer), mais um aborto e algumas crises no seu casamento com Diego, que a traia até com a sua irmã mais nova, Cristina.
 “Espero alegre a minha partida, e espero não retornar nunca mais.”
Em 1939 parte sozinha para Nova York, onde faz sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy, e é sucesso de crítica, em seguida, segue para Paris, onde é hospitalizada com uma infecção renal, mas também entra no mundo da vanguarda artística dos surrealistas.
Conhece Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst, o museu do Louvre adquire um de seus autorretratos. No mesmo ano, divorcia-se de Diego, com quem volta a se casar um ano depois. Em 1942 começaram a dar aulas de arte em uma escola recém-aberta na Cidade do México.
Após tantos altos e baixos vividos, seu estado de saúde piorou, e o colete antes de gesso, foi substituído por um de ferro que impedia até a sua respiração. Em 1946 sua coluna precisou ser operada, com fortes dores na perna direita, em 1950 é tratada no Hospital Inglês durante todo o ano, mas continua pintando.
Os médicos diagnosticam a amputação da perna e ela entra em depressão. Pinta suas últimas obras, como 'Natureza Morta (Viva a Vida)', em um ano (1950-1951), passa por sete operações na coluna, que infeccionam, graças ao colete de uso obrigatório. Em 2 julho de 1954 participa, em cadeira de rodas, da manifestação contra a intervenção americana na Guatemala.
Frida Kahlo viveu como Diego Rivera lhe recomendou um dia, “Pega da vida tudo o que ela te der, seja o que for, sempre que te interesse e possa dar certo.” Ela costumava dizer que “a tragédia é o mais ridículo que há” e “nada vale mais do que a risada”.
Na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. Oficialmente, a morte foi causada por 'embolia pulmonar', mas há suspeita de suicídio.

No diário, deixou as últimas palavras, “Espero alegre a minha partida, e espero não retornar nunca mais.”
Se existem dois artistas que, pela sua postura, irreverência e obra marcaram o século XX, na pintura, foram sem dúvida o casal mexicano Frida Kahlo (Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, 1907-1954) e Diego Rivera (Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera y Barrientos Acosta y Rodríguez,1886-1957).

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