Dezembro
está a chegar, para uns o começo do Inverno, para outros o começo do Verão,
para outros a memória, e como ela é poderosa.
Aqui
há uns anos pediram-me que escrevesse sobre uma escritora de que eu já tinha
ouvido falar, já tinha lido e que, desde essas alturas o que mais tinha retido,
da pessoa em si, é que por ter adormecido na sua cama com um cigarro acesso,
provocou um incêndio que destruiu todo o seu quarto, foi hospitalizada em
estado grave, e que teve quase a mão direita amputada devido às queimaduras
sofridas.
Sabia
também que se tinha apaixonado perdidamente em jovem por um escritor, mas em
nada resultou porque ele era homossexual, e que, ao seu primeiro filho foi
diagnosticado esquizofrenia, algo do qual nunca se perdoou, como se a culpa da
doença dele, fosse toda sua.
Escreveu
em colunas femininas, tipo Correio Feminino e Só para mulheres, mas é
reconhecida mundialmente (muito mais nos meios acadêmicos) como uma das
escritoras mais influentes do sec. XX, pela sua escrita inovadora, num estilo
solto, elíptico, fragmentário, onde o caráter existencial abrange quase toda a
sua obra.