Clarice
Freire é publicitária e criou no Facebook uma página para reunir seus escritos
e desenhos, a que deu o nome de “Pó de Lua”, cuja finalidade é “para diminuir a
gravidade das coisas”.
Desde
essa altura Clarice começou a conquistar uma legião de fãs fiéis e engajados,
que se encantaram com a delicadeza de seus pensamentos, seu humor sutil e o
traço despretensioso, que combina desenho e até fragmentos de palavras,
conseguindo também congregar alguns nomes do cenário do Brasil como a atriz
Grazi Massafera, ou a apresentadora Ticiane Pinheiro.
Da
internet para as páginas de um livro, foi mais um salto para a jovem autora
nascida no Recife, de 25 anos de idade, conseguindo surpreender os seus
admiradores com uma proposta diferente.
“Pó
de lua”, o livro, tem o formato de um dos cadernos moleskine em que Clarice
exercita sua criatividade, inspirada pelas quatro fases da lua, minguante,
nova, crescente e cheia, a autora trata em frases concisas e certeiras sentimentos
como a saudade, o medo, a paixão e a alegria, sempre em sua caligrafia
característica, ilustradas com muitos desenhos.
Por
outro lado, o traço das ilustrações de Clarice Freire é suave, assim como os
versos e frases que compõem o blog que mantém Pó de Lua, e a sua escrita
mostrou-se forte para prender diversos leitores pelas redes sociais. O site,
assim como a página no Facebook, alcançaram sucesso entre os leitores, são mais
de 600 mil seguidores na página da rede social, e algumas postagens rendem mais
de 3 mil compartilhamentos.
Clarice diz ter se rendido à insistência de alguns amigos que achavam um
desperdício que ela jogasse os papéis fora. “O blog foi criado com o intuito de
guardar as coisas, o que foi um desafio para mim, que não gostava de mostrar
nada para ninguém. Aos poucos, fui me acostumando e o motivo de escrever foi
ganhando mais espaço. Acho que o objetivo é colocar para fora o que não cabe
dentro, acredito que cada um sabe qual é a sua. A minha é essa. Escrever no Pó
de Lua começou a ser uma hora para respirar durante o dia.”
Clarice é filha do escritor e compositor pernambucano Wilson Freire e prima de
Marcelino Freire, também escritor, e foi na própria família que buscou referências
quando começou a escrever, “Desde pequena era levada para recitais e peças de
teatro com os textos dos dois. Quando adolescente, procurava muito as
escritoras, as poetisas”, diz. E o pulso delicado e firme que dá vida aos
textos é influência delas, Clarice Lispector, Cecília Meireles e Cora Coralina,
“Me identifico com a delicadeza mesmo falando sobre assuntos muito duros. Gosto
disso.”
Clarice Freire conta que começou a escrever ainda pequena, quando ganhava
cadernos de presente e se sentia na obrigação de preenchê-los, “Sempre gostei
mais dos cadernos sem linhas, apesar de nunca ter conseguido escrever nada em
linha reta. Minhas letras dançam, mas eu gosto. Um dia desses encontrei um
poema que fiz com uns 12 anos num formato bem parecido com o Pó de Lua,
achei interessante.”
O livro
já está à venda, editado pela Intrínseca (clicando aqui acede ao hotsite do livro “Pó de Lua”), valendo a pena pelo menos ver o trabalho muito cuidado da autora.
Em
entrevista ao blog Socila1 Clarisse Freire disse a respeito do que escreve, “Eu
gosto de dar leveza às vivências do dia a dia. Aqueles sentimentos e reflexões
que nos acompanham enquanto realizamos as atividades mais banais. Falo de
coisas que a gente tem dentro da alma e de coisas invisíveis. Às vezes, um
objeto que está ali e a gente vê todo dia está cheio de significados ocultos
nele. Falo de medo e da alegria profunda, de saudade, amor e decisões. Eu busco
dar leveza as coisas mais duras da vida.”
“A
plataforma internet, ainda mais o Facebook, me dá um contato muito rápido e
direto com quem lê e isso é maravilhoso. Ao publicar um texto, no mesmo
segundo, sei a reação, o sentimento deles. Sei porque expressam mesmo”.
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